domingo, 1 de maio de 2016

O que é e o que não é inclusão escolar.

Artigo de Marina da Silveira Rodrigues Almeida do Instituto Inclusão Brasil.

RECEBER O ALUNO COM DEFICIÊNCIA NA SALA DE AULA NÃO SIGNIFICA INCLUSÃO.




Receber o aluno com deficiência na sala de aula não significa inclusão
Receber o aluno com deficiência na sala de aula não significa inclusão, há necessidade do preparo do docente para conhecer o tipo de deficiência e a historia de vida do aluno, sua relação com seus familiares e vice-versa; saber como trabalhar com outros alunos e com suas famílias, é este o contexto que chamamos inclusivo. Não podemos exigir que o professor esteja preparado. Há ainda a necessidade do envolvimento de gestores, da iniciativa pública e privada, de políticas públicas, de investimento na formação dos envolvidos, trabalho que não se restringe apenas aos professores, mas a todos, sem exceção.
Quando a escola recebe, pela primeira vez, uma criança com discrepâncias significativas no processo de desenvolvimento e aprendizagem ou com algum tipo de deficiência em relação aos demais alunos da mesma faixa etária é natural que muitas dúvidas surjam. O professor, geralmente, sente-se ansioso e temeroso diante de nova situação para a qual não se encontra preparado. Inicialmente, alguns professores pensam ser necessário se especializarem para poderem melhor atender o aluno com deficiência. Sem dúvida a capacitação, a pesquisa e o aprimoramentos são imprescindíveis a prática pedagógica de um profissional da educação. Contudo, a convivência, a experiência e ajuda de profissionais especializados e da família, o professor verifica que o processo de inclusão não é tão difícil como parecia, é um desafio porque implica em mudanças nas práticas pedagógicas muitas vezes cristalizadas.
Boa parte dos alunos com deficiência adaptam-se muito bem às escolas quando sentem-se de fato aceitos, compreendidos e conseguem aprender na escola. Porque, qualquer ser humano não fica bem aonde se sente excluído, incompreendido, não aprende e é rejeitado.
Essas crianças se sentem felizes por poderem participar da vida, conviver e brincar com outras crianças, aprenderem juntas com as demais. Isso é perfeitamente possível, desde que o professor seja orientado em sua tarefa pedagógica.
As situações devem ser cuidadosamente planejadas e as atividades ajustadas e adaptadas para que atendam às necessidades específicas desses alunos.
Portanto, não há uma regra específica, se deve falar para os demais alunos da sala de aula se tem ou não um ou alguns alunos com deficiência. Cada situação é única. Dependendo de como o grupo classe e o professor acolher estes alunos, haverá uma estratégia diferente. Caso o professor tenha como prática no inicio das aulas fazer dinâmicas de grupo com seus alunos para se conhecerem deve manter isso, aproveitando a situação para falar sobre o que o aluno com deficiência tem e como todos podem ajudá-lo e das qualidades e competências que esse aluno tem, do que gosta, dás coisas que ele sabe, sobre sua vida, qual a expectativa dele nesta classe e escola, etc. O manejo precisa ser ponderado.
Para que esses princípios inclusivos se concretizem, torna-se fundamental a elaboração, por toda comunidade escolar, de um projeto político pedagógico de inclusão contando com a participação efetiva dos pais, profissionais ou instituições especializadas que realizam o atendimento complementar, tendo em vista a avaliação das necessidades educacionais específicas desses educandos para as adaptações e complementações curriculares que se fizerem necessárias.
Não vejo sentido comunicar aos demais pais que há um aluno com deficiência na classe, para tanto será importante a participação coletiva humanística acolhedora.
Não atendemos síndromes, doenças ou patologias, mas sim uma criança, um aluno, um adolescente, adulto que tenha alguma diferença. Isso é cultural e por isso leva-se tempo para que a cultura da patologia e modelo médico se dissolva para vermos pessoas no lugar de doenças.
Defendo que o trabalho precisa ser coletivo, com tutorias, com todos juntos, por isso aprendizagem é cooperativa, um ajudando o outro, quer seja professor-professor, professor-especialista, professor-aluno, aluno-especialista, aluno-aluno, enfim quem sabe ensina.
A sala de aula deve ser um espaço coletivo, circular, não linear, o poder é de todos, todos tem algo para ensinar, fazer, compartilhar e aprender.
Enquanto a estrutura escolar manter o poder centrado no professor fica inviável qualquer inclusão.
Estudos e experiências realizados no Brasil e no mundo demonstram que a Educação Inclusiva é benéfica para todos os envolvidos.
Os alunos com deficiência aprendem:
• melhor e mais rapidamente, pois encontram modelos positivos nos colegas;
• que podem contar com a ajuda e também podem ajudar os colegas;
• a lidar com suas dificuldades e a conviver com as demais crianças.
Os alunos sem deficiência aprendem
• a lidar com as diferenças individuais;
• a respeitar os limites do outro;
• a partilhar processos de aprendizagem.
Todos os alunos, independentemente da presença ou não de deficiência, aprendem;
• a compreender e aceitar os outros;
• a reconhecer as necessidades e competências dos colegas;
• a respeitar todas as pessoas;
• a construir uma sociedade mais solidária;
• a desenvolver atitudes de apoio mútuo;
• a criar e desenvolver laços de amizade;
• a preparar uma comunidade que apóia todos os seus membros;
• a diminuir a ansiedade diante das dificuldades.

A Escola Inclusiva respeita e valoriza todos os alunos, cada um com a sua característica individual e é à base da Sociedade para Todos, que acolhe todos os cidadãos e se modifica, para garantir que os direitos de todos sejam respeitados.
Essa é base da Educação Inclusiva: considerar a deficiência de uma criança ou de um jovem como mais uma das muitas características diferentes que os alunos podem ter.
E, sendo assim, respeitar essa diferença e encontrar formas adequadas para transmitir o conhecimento e avaliar o aproveitamento de cada aluno.
Vários estudos, no Brasil e no mundo, têm demonstrado que essa pedagogia centrada na relação com o aluno é benéfica para todos os estudantes com e sem deficiência porque:
• Reduz a taxa de desistência e repetência escolar;
• Aumenta a auto-estima dos alunos;
• Impede o desperdício de recursos;
• Ajuda a construir uma sociedade que respeita as diferenças.
Somente com o apoio dos professores, o Brasil poderá, de fato, oferecer uma Educação de Qualidade para Todos. E você, professor, pode começar a fazer isso agora. Não é preciso cursar uma faculdade. Basta você usar sua criatividade, seu bom senso, sua vontade de ensinar, sua experiência. E os professores especializados em alunos com deficiência e outros profissionais, como pedagogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais estão aí para ajudar você. Além disso, uma das características mais interessantes da Educação Inclusiva é que ela deve envolver também as famílias e a comunidade. Isso significa que a Escola Inclusiva poderá beneficiar-se com parcerias com universidades, organizações não governamentais, escolas SENAI, APAEs, centros de reabilitação, entidades de pessoas com deficiência, associações de bairro, associações comerciais locais etc. Essa rede de parceiros, que inclui Essa rede de parceiros, que inclui a participação da família, será fundamental para a escola conseguir os recursos humanos e materiais de que precisa para oferecer a melhor educação para todos os seus alunos.
Como tudo isso funciona para a família?
Existe preconceito vindo de outros pais ou até mesmo dos colegas de classe?
Em todos os sentidos, primeiro em manter a exclusão das pessoas, manter mitos e informações errôneas, isso chamamos de acessibilidade atitutinal, é a mais difícil porque exige que resignifiquemos nossos valores, nossas relações, nossas crenças, enfim todos nós somos especiais e deficientes.
O preconceito faz parte da natureza humana, desde o início da humanidade. O homem desconfia e tem medo de tudo o que é diferente dele mesmo, do “outro”.
O “outro” inspira receio, temor, insegurança. Esses sentimentos eram importantes no tempo das cavernas, quando os homens eram poucos e lutavam bravamente para sobreviver em um ambiente hostil. Certamente, essa característica foi selecionada evolutivamente porque ajudava na sobrevivência da espécie.
E o homem moderno ainda é biologicamente o mesmo daqueles tempos. Diante do diferente, do desconhecido, é normal adotar atitudes defensivas ou de ataque, que se expressam pelo preconceito, pela discriminação, pelas palavras ofensivas ou por atos violentos, como vemos hoje os comportamentos de bullying nos jovens.
Como é para o educador atender crianças com deficiências?
Poderia definir isso como uma postura dentro de um processo na mudança das atitudes das relações professor-aluno. Urgimos que haja investimentos na valorização do papel e na construção da identidade do novo professor, visto que hoje ele é um facilitador ou mediador da aprendizagem; precisa sair do papel de “dar aulas”, “estimular criancinhas”, para ser o mediador da construção de conhecimentos este é o novo paradigma. Isso pouco se discute no Brasil e por isso o professor ainda fica reivindicando causas absurdas como querer reprovar os alunos. O professor ainda não “percebeu” que ele não é mais “o centro” da situação, hoje ele está “na relação” da aprendizagem com o aluno. As questões da aprendizagem são relacionais e afetivas.
A prática da Educação Inclusiva pressupõe que o professor, a família e toda a comunidade escolar estejam convencidos de que:
• O objetivo da Educação Inclusiva é garantir que todos os alunos com ou sem deficiência participem ativamente de todas as atividades na escola e na comunidade;
• Cada aluno é diferente no que se refere ao estilo e ao ritmo da aprendizagem.
E essa diferença é respeitada numa classe inclusiva;
• Os alunos com deficiência não são problemas. A Escola Inclusiva entende esses alunos como pessoas que apresentam desafios à capacidade dos professores e das escolas para oferecer uma educação para todos, respeitando a necessidade de cada um;
O fracasso escolar é um fracasso da escola, da comunidade e da família que não conseguem atender as necessidades dos alunos;
• Todos os alunos se beneficiam de um ensino de qualidade e a Escola Inclusiva apresenta respostas adequadas às necessidades dos alunos que apresentam desafios específicos;
• Os professores não precisam de receitas prontas. A Escola Inclusiva ajuda o professor a desenvolver habilidades e estratégias educativas adequadas às necessidades de cada aluno;
• A Escola Inclusiva e os bons professores respeitam a potencialidade e dão respostas adequadas aos desafios apresentados pelos alunos;
• É o aluno que produz o resultado educacional, ou seja, a aprendizagem. Os professores atuam como facilitadores da aprendizagem dos alunos, com a ajuda de outros profissionais, tais como professores especializados em alunos com deficiência, pedagogos, psicólogos e intérpretes da língua de sinais.
Como a educação inclusiva pode formar a postura do jovem cidadão?
• Favorece e incentiva a criação de laços de amizade entre todos os alunos;
• Incentiva a criatividade e a autonomia do aluno em busca do próprio conhecimento;
• Aprende o valor da diferença e da convivência para os alunos a partir do exemplo dos professores e da comunidade escolar e pelo ensino ministrado nas salas de aula;
• Promove o empoderamento, a autonomia, a independência e a cidadania;
• Desenvolve a capacidade de vislumbrar um projeto de vida produtiva e independente.
Sugestões de Dinâmicas de Grupo ou Rodas de Conversa
Objetivos:
Avaliar os sentimentos e fantasias pessoais, identificar, nomear igualdades e diferenças, pontos fortes e oportunidades de melhoria, estimular a empatia.  Discriminar e diferenciar deficiência de doença. Trabalhar a construção conceitual / terminologia correta das deficiências (as crianças falavam várias palavras, menos “pessoa com deficiência”)
Estratégias:
Aquecimento: Cada criança escolhe uma bexiga. Ao som de música, com as bexigas cheias, vão brincar sob comandos, sozinhos, em duplas, em trios, todos.
Atividades:
I- Com todas as cadeiras de rodas, cadeirões, andadores, vamos fazer vivências de como deve ser uma pessoa com deficiência física. Em dois grupos, um guia o outro/ trocam. Discussão de como se sentiram, desenho na lousa para ajudar o raciocínio. Desenho livre sobre o tema.
II -Vivências sensoriais – Deficiência Visual – A escuridão. Com faixas pretas nos olhos (uma criança guia a outra / trocam). Discussão e desenho livre.
III – Deficiência Auditiva – O mundo do silêncio. Dois grupos ensaiam cenas, utilizando mímica. Um é platéia do outro. Ou o mediador finge falar sem utilizar a voz. Discussão sobre o tema e desenho livre.
IV – Deficiência Intelectual – Por que nosso colega as vezes  tem dificuldades para entender? Uma história contada em duas  versões, mais difícil e outra mais fácil. Discussão do tema e desenho livre.
Sugestão de Livros para Roda de Conversa
Sugestões de livros para trabalhar as deficiências em sala de aula, todos os livros são de Cláudia Wernek da Editora WVA.
Muito prazer, eu existo (5ª ed/1992) -Primeiro livro escrito no Brasil sobre síndrome de Down para leigos. Cláudia Wernek da Editora WVA.
Coleção Meu Amigo Down (9ª ed/1994) – As histórias – Meu amigo Down, em casa; Meu amigo Down, na rua; Meu amigo Down, na escola são narradas por um personagem que não entende por que seu amigo com síndrome de Down enfrenta situações delicadas. Cláudia Wernek da Editora WVA.
Um amigo diferente? (9ª ed/1996) – Conta a história de uma criança que diz ser diferente. O texto leva à reflexão sobre as diferenças individuais discorrendo sobre hemofilia, paralisia cerebral, ostomia, doença renal etc. Cláudia Wernek da Editora WVA.
Ninguém mais vai ser bonzinho, na sociedade inclusiva (3ª ed/1997) – Primeiro livro sobre sociedade inclusiva escrito no Brasil, explica o que é uma escola, mídia, literatura e sociedade inclusivas. Cláudia Wernek da Editora WVA.
Sociedade Inclusiva. Quem cabe no seu TODOS? (2ª ed/1999) – Discute o uso leviano da palavra TODOS na cultura, na mídia, nas universidades, no discurso dos governantes, no dia-a-dia de TODOS. Cláudia Wernek da Editora WVA.
Uma joaninha diferente (4ª. Ed/2012) Regina Célia Melo, Ed. Paulinas.

Bem gostaria de terminar e definir Educação Inclusiva com uma frase: “Olhares e modos de ver”, pois só através do olhar que transformamos o outro ser humano em pessoa, com identidade própria e vida.
E completando:
“A questão fundamental é a atitude. Se é algo que você deseja fazer, você começa a procurar meios de consegui-lo. Se é algo que você não deseja fazer, você começa a procurar desculpas para não fazê-lo.” (Wayne Sailor, 1991).
Autora do artigo: Marina da Silveira Rodrigues Almeida
Sócia-Proprietária do Instituto Inclusão Brasil. Consultora em Educação
Psicóloga Clínica e Educacional , Pedagoga Especialista e Psicopedagoga
Instituto Inclusão Brasil

quarta-feira, 23 de março de 2016

Ban Ki-moon mostrando a posição da ONU em relação à Síndrome de Down.

Pessoas com síndrome de Down são agentes de mudança


Secretário-geral da ONU fez a declaração para marcar o Dia Mundial da Síndrome de Down, esta segunda-feira, 21 de março; Ban ki-moon afirmou que essas pessoas "podem levar progresso por toda a sociedade".

Secretário-geral da ONU Ban Ki-moon. Foto: ONU/Amanda Voisard
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que "as pessoas com síndrome de Down são agentes de mudança que podem levar progresso por todos os níveis das sociedades".
Ban fez a declaração para marcar o Dia Mundial da Síndrome de Down, esta segunda-feira, 21 de março.
Agenda 2030
Segundo ele, "as vozes dessas pessoas devem ser ouvidas no momento em que o mundo se esforça para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável".
O chefe da ONU disse que ao adotar a agenda 2030, a comunidade internacional prometeu “não deixar ninguém para trás”.
Ele afirmou que essa promessa exige “empoderar crianças e adultos com deficiências”, incluindo os que têm síndrome de down, para que eles possam contribuir para um futuro comum.
Ban mencionou as palavras de Pablo Pineda, ator e escritor com a síndrome de Down. O secretário-geral disse que o ator pediu a todas as pessoas com a deficiência que “percebam suas próprias capacidades”.
Pineda afirmou que “todos deveriam se ver como pessoas que podem alcançar seus objetivos”.
Respeito
O chefe da ONU declarou que essa afirmação deve ser seguida por medidas concretas de respeito, proteção e promoção dos direitos de todas as pessoas com deficiências, inclusive com a síndrome de Down.
Ban pediu prioridade para as ações com o objetivo de melhorar as oportunidades para meninas e mulheres com deficiências e que, geralmente, sofrem mais exclusão do que meninos e homens.
No Dia Mundial da Síndrome de Down, Ban Ki-moon disse que a comunidade internacional deve tomar a decisão de apoiar a autonomia e a independência das pessoas com essa condição genética.
Além disso, o secretário-geral mencionou a liberdade de escolha como parte dos esforços para que elas tenham uma vida digna

Lançamento da Web da Rede Regional pela Educação Inclusiva.

Está no ar a web da Rede Regional pela Educação Inclusiva, conheça e participe.


http://www.rededucacioninclusiva.org/











Webinar - Seminário on line “Educação Inclusiva: aproximação a princípios e estratégias para escolas inclusivas”



Imperdível para quem trabalha com inclusão na escola.



Educação Inclusiva: abordagem de princípios e estratégias para escolas inclusivas.

Na próxima quinta feira dia 31 de março, as 12h (hora de Washington, DC - EUA) se realizará o seminário on-line "Educação Inclusiva: abordagem de princípios e estratégias para escolas inclusivas." Com a especialista em educação Mónica Alexandra Cortés, da ASDOWN Colômbia, organização integrante da Rede Regional pela Educação Inclusiva (RREI-Latinoamérica). A atividade é gratuita e em espanhol.
O seminário é uma iniciativa da Red Interamericana de Formación Docente (RIED), da Organização dos Estados Americanos, em conjunto com o RREI.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Como fazer uma classe inclusiva - o mapa do vôo.

Imagem ilustra uma sala de aula inclusiva. Na foto podemos ver em primeiro plano uma garota negra sem deficiência brincando com uma garota branca com síndrome de Down. Uma sorri para a outra. Na mesma sala de aula, outras crianças sem nenhuma deficiência aparente também brincam umas com as outras. Elas estão usando o uniforme da escola municipal do Rio de Janeiro.

Criando uma sala de aula inclusiva


Dr Robert Jackson* e Catia Malaquias

O ano escolar está começando e os professores em salas de aula regulares estão ocupados com o planejamento e a preparação de materiais de ensino, incluindo materiais curriculares diferenciados para os alunos com deficiência que estão em suas turmas.
Mas tão importante como a aplicação de desenho universal e instrução diferenciada é criar e manter uma cultura inclusiva para a classe… Uma cultura em que cada estudante se sinta tanto acolhido e incluído como aluno, quanto valorizado enquanto colega.
Estudos demonstram que uma cultura de classe inclusiva traz melhores resultados acadêmicos e sociais, além de promover a independência dos alunos com e sem deficiência.
Aqui estão algumas dicas práticas para professores que tentam criar ou melhorar a inclusão na sua sala de aula:
1) NÃO SUBESTIME O SEU ALUNO. Não assuma que um aluno com deficiência não será capaz de “fazer” algo, logo “não vale a pena o esforço”. Os alunos com deficiência intelectual ou cognitiva podem aprender as coisas de uma forma diferente ou levar mais tempo… Eles podem não aprender aquilo naquele momento, mas a aprendizagem é progressiva e algo sempre vai ser aprendido. Dizer a ele e seus colegas que você acha que ele pode fazer é a mensagem mais importante e inclusiva que você pode passar. Ao desencorajar o aluno, você contribui para a realização da profecia de que ele “não é capaz de aprender”, mas ao encorajá-lo, você o incentiva e reconhece seu potencial diante dele próprio e dos outros alunos.
2) NÃO SE SUBESTIME. A inclusão não é física quântica. Uma grande parte é bom senso. Ninguém espera que você “supere” a deficiência do aluno – a diversidade é uma parte natural da vida e inclui a maneira como aprendemos. Reconheça que o aluno tem pontos fortes, assim como desafios. Seu objetivo é ajudar cada aluno a aprender o máximo que puder de uma forma que irá ajudá-lo a exercer o seu direito de ser membro pleno e igual da mesma comunidade que os seus colegas no futuro.
3) Você é um PROFISSIONAL DE ENSINO e você conhece o seu aluno e a turma. Só porque um diretor, coordenador ou professor mais antigo lhe dá conselhos ou um profissional de saúde diz algo pode ajudar o aluno de alguma forma (como uma carteira inclinada para a escrever ou uma almofada de apoio especial para sentar) não quer necessariamente dizer essas adaptações são pelo melhor interesse do aluno. Muitas vezes, é uma decisão de custo/benefício – equilibrar o impacto de “excepcionazar” o aluno é uma consideração importante. Pergunte a si mesmo: “Será que esta solução vai ajudar esse aluno a se sentir parte dessa classe e da escola?”
4) Você é o PROFESSOR e seu aluno com deficiência é PARTE DE SUA CLASSE. O assistente de educação não é o professor do seu aluno. O assistente de educação pode ser experiente e tentar ajudar, mas você precisa instruí-lo sobre como ajudar sem “sufocar” nem fazer sombra sobre o aluno. O papel do assistente é ajudar na instrução acadêmica do seu aluno com deficiência, fomentar sua independência, construir e nutrir relacionamentos sociais. Os colegas vão, logicamente, ver um aluno que esta sendo “mimado” como um “bebê” e essa percepção vai impactar em sua aceitação global como um igual. Um assistente ativo demais pode ter um efeito negativo, ensinando a criança a ser “acomodada” ou “encostada” em vez de estimular sua independência. A relação adequada entre o professor, um aluno com deficiência e o assistente de educação é muitas vezes esquecida, mas é uma parte crucial para criação de um ambiente inclusivo.
5) Procure sempre incluir o seu aluno com deficiência A MESMA MATÉRIA DA LIÇÃOdos outros alunos. Se o material tiver que ser adaptado, pense “o que eu quero que todos os  alunos saibam no final da aula?” “O ​​que eu quero que a maioria dos estudantes saibam no final da aula?”, “O que eu espero que alguns alunos saibam no final da lição?”. Na maioria dos casos, a primeira pergunta irá apontar para a matéria que o aluno com deficiência deve aprender. Se seu aluno compartilhar a aprendizagem com os pares, é provável que esta experiência compartilhada continue no recreio.
6) Você define a CULTURA da sua classe. Você decide o quão bem-vindo, incluído e respeitado o aluno com deficiência será. A forma como você fala e age em relação a ele vai influenciar a maneira como todos o tratam. Os alunos, outros professores e até mesmo os pais dos outros alunos vão usar a sua atitude como exemplo.
7) ESCUTE E ENTENDA seus alunos. Seus pontos de vista são importantes. Se um aluno está tendo dificuldade para seguir instruções, não assuma que ele seja “malcriado” ou “rebelde” – é, provavelmente, sua maneira de expressar que está tendo alguma dificuldade. Pergunte a si mesmo o que está acontecendo. Fale com ele. Olhe ao seu redor – há algo que você pode fazer para ajudar? A maneira como você responder pode piorar a situação do aluno ou ajudá-lo a superar o problema de uma forma positiva. E seus colegas estarão aprendendo com você como responder a um amigo que está tendo um momento difícil.
8) Não deixe seu estudante ser excluído ou “DISCRIMINADO”. Eles devem ter as mesmas oportunidades que seus colegas de classe, incluindo a oportunidade de aprender em conjunto com e entre eles, sentando-se com eles e não separado num canto.
9) Não deixe seu aluno se tornar o “MASCOTE DA CLASSE”. Olhe para a natureza das relações que estão se formando com seus colegas – ajude os colegas a incluirem o estudante em suas brincadeiras, em vez de “usá-lo” no jogo.
10) COMUNIQUE-SE e COLABORE com os PAIS de seu aluno. Os pais são uma importante fonte de informações “em tempo real”, e eles também vão querer ser “incluídos” na comunidade escolar. Eles podem estar um pouco ansiosos e querer saber mais do que a maioria dos pais sobre como seu filho está indo. Os professores com experiência em inclusão relatam que uma relação de colaboração com os pais de um aluno com deficiência é mais importante do que um assistente de ensino – os pais devem ser consultados sobre todas as decisões relativas ao seu filho.
11) COMUNIQUE-SE e colabore COM OS OUTROS PROFESSORES. Há décadas de experiência em cada sala de professores. Você não precisa ficar sozinho.
12) Procure os VERDADEIROS ESPECIALISTAS EM INCLUSÃO – os ALUNOS DA SUA TURMA. Eles terão ótimas ideias sobre a melhor forma de incluir o seu colega com deficiência e o auxílio de colegas já demostrou ter benefícios significativos para todos os alunos – para ensinar você tem que saber.
Estas “dicas” servem para construir uma cultura inclusiva em sala de aula – uma cultura que é difícil de descrever, mas que você vai reconhecer e apreciar quando criá-la.
Criar uma cultura de classe inclusiva é fundamental para os resultados a longo prazo de todos os seus alunos, em particular os seus alunos com deficiência.

Por: Dr Robert Jackson* e Catia Malaquias
Tradução: Patrícia Almeida
* Dr Robert Jackson é Professor Adjunto da Educação da Universidade de Curtin, na Austrália Ocidental, psicólogo registrado e diretor da Incluir. Você pode se conectar com o Dr. Jackson no Twitter @include108 ou através do e-mail include.com.au