sábado, 28 de dezembro de 2013

Inclusão : ampla, geral e irrestrita: Engaiolados

Inclusão : ampla, geral e irrestrita: Engaiolados

Excelente artigo de Fábio Adiron, comentando a derrota da inclusão frente aos segregacionistas na votação do PNE:

Engaiolados

Eles poderiam estar aí agora trabalhando a seu lado no escritório, na fábrica, no campo.


Poderiam estar à sua frente para atender na loja em que você entrou para comprar o seu presente de Natal.


Poderiam estar sentados a seu lado num banco escolar de primeiro, segundo, terceiro ou infinito graus.


Eles poderiam estar na mesma balada que você ou seus filhos vão. Ouvindo a mesma música, bebendo o mesmo energético.


Eles poderiam nadar na mesma piscina, frequentar as mesmas quadras, passear nos mesmos parques.


Eles poderiam ter amigos, namoradas, namorados, cônjuges e, por que não, até amantes.


Eles poderiam estar entre pessoas brancas, negras, amarelas. Gordas, magras, altas, baixas. Loiras, morenas, ruivas, de cabelo liso ou muito encaracolado.


Eles poderiam tudo que todos podem.


Mas ainda não podem...


Pois alguns muitos se beneficiam deles estarem confinados em gaiolas reais ou virtuais.


Pois não poucos acreditam que eles só podem fingir de viver entre iguais, não estudar entre iguais, não trabalhar entre iguais.


Pois tantos crêem que a superproteção é uma forma de amor, quando não passa de uma forma de destruir vidas.


E vão continuar engaiolados enquanto os donos das gaiolas receberem dinheiro para mantê-los nelas.


Enquanto os especialistas sustentarem o mito da incompetência dos generalistas.


Enquanto os generalistas não acreditarem na sua capacidade de lidar com a diversidade.


Enquanto a população achar mais barato uma doação caridosa que uma aceitação incondicional.


Enquanto os pais acreditarem mais na mídia do que nos seus filhos.


"Mas o que eles não sabem


Não sabem ainda não


É que na minha terra


Um palmo acima do chão

Sopra uma brisa ligeira

Que vai virar viração

Ah mas eles não sabem

Que vai virar viração"*
*parte da letra de Viração de Kleiton e Kledir Ramil

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Na questão problemática sobre a meta 4 do PNE a visão cristalina de Gil Pena

Excelente artigo de Gil Pena, coloca as coisas nos seus lugares:

Preferivelmente, em lugar do preferencialmente, colocar preferentemente

Preferivelmente, omite-se o preferencialmente. Preferentemente, antes, não
se desenharia um retrato tão ruim da educação do Brasil, como o que se
define pelo PNE, que se discute no Senado atualmente. É na Meta 4, onde
firmamos o nosso protesto, pela exclusão do preferencialmente, garantindo –
como meta – a universalização "para a população de 4 a 17 anos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional
especializado, (-p-r-e-f-e-r-e-n-c-i-a-l-m-e-n-t-e-) na rede regular de
ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de
recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados,
públicos ou comunitários, nas formas complementar e suplementar, e de
escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados".

É um jogo de palavras. A meta comporta a garantia de escolas ou serviços
especializados, de forma complementar e suplementar. Complementar, significa
inteirar o que falta, tornar completo: então a educação oferecida para essa
população é incompleta, a própria educação deficiente? Então, que se corte o
preferencialmente, preferivelmente se for junto o complementar.

Podemos passar horas, dias, semanas, lutando contra a redação do Plano e de
suas metas. Não sei o que muda se mudar a redação, se nem mesmo a lei, entre
nós, tem força de lei: a de transformar uma realidade, por sua natureza
impositiva sobre a vontade individual das pessoas. Então, o
"preferencialmente", não cabe na lei, pois a meta 4 torna-se uma decisão do
preferente, não lhe impõe nada, mero jogo de palavras, ficarem os senhores
congressistas discutindo um plano que abre o caminho da preferência
individual é discutir plano nenhum. 

Mais do que com a meta 4, eu fico realmente incomodado é com as outras
metas. São um retrato do atraso da educação no Brasil. Como exemplo, a meta
1 pretende a universalização do atendimento a educação infantil até 2016
(seria daqui a três anos). Para educação infantil em creches, a expectativa
é atender o "universo" de 50%, até o fim da vigência do PNE. É a meta da
exclusão: um entra, um fica de fora. O mesmo, poderíamos dizer das outras
metas. (o PNE era para ser para o decênio 2011-2020, mas já vamos entrar em
2014…).

Não parece incomodar ninguém que podemos ficar discutindo o PNE por mais
alguns anos. O projeto está em discussão no Congresso há três anos. As metas
e estratégias, estabelecidas no anexo, parecem poder ficar aguardando a
discussão dessas pequenas nuances da redação. Talvez se aprove lá para 2017,
então a meta para 2016 já nasce e caduca, e talvez seja por isso que ainda
discutimos metas que me parecem um pouco tímidas e que, analisadas a frio,
denotam o desprezo que se tem pela educação no país, desprezo que
possibilita que algumas gerações fiquem sem acesso ao ensino, permitindo-se
baixos índices de qualidade. Podemos, preferivelmente ou não, ficar
discutindo estas coisas mais alguns anos, enquanto mais uma legião de
pessoas, nascidas no ínterim da discussão, cresce fora da escola ou
frequenta escolas com baixos índices de qualidade.

Não parece incomodar ninguém que a discussão do PNE é agora uma disputa
entre governo e oposição, não um problema da nação, do povo brasileiro. O
governo entendeu como derrota a aprovação do plano, na comissão de educação
do senado. O trâmite da matéria, sua aprovação parece ter envolvido alguma
manobra, uma votação relâmpago, e onde 23 parlamentares registraram
presença, só cinco estavam presentes, e aprovaram a matéria. A comissão
deveria reunir-se às 14h30min e às 14h32min está tudo votado e encerrado.

É um jogo de poder, de interesses, jogo de palavras. A educação de um povo,
uma nação, tratada com tanto desprezo. Devia, preferencialmente, ser tratada
como coisa séria.

Não é pela meta 4. A luta deveria ser pelo plano. Pela educação. Pela
Educação. Preferentemente, não quero discutir o preferencialmente.
Preferivelmente, era para entendermos que alguma ação tinha de ser colocada
em prática já. Isso tinha que ser tratado com a seriedade e a urgência
necessárias para uma questão dessa gravidade e relevância. 

sábado, 30 de novembro de 2013

ONU pede fim das barreiras para pessoas com deficiência


Ban Ki-Moon pede que dêem oportunidades a todas as pessoas com 

O secretário-geral das Nações Unidas apelou aos Governos, membros da ONU, empresas e sociedade civil para que quebrem barreiras e dêem oportunidades a todas as pessoas com deficiência.
«Juntos vamos construir uma sociedade inclusiva para todos», diz Ban Ki-Moon numa mensagem alusiva ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, que se assinala na terça-feira, este ano sob o lema «Quebrar barreiras, abrir portas: por uma sociedade e desenvolvimento inclusivo para todos».

Na mensagem o secretário-geral lembra que mais de mil milhões de pessoas vivem com alguma deficiência e diz que é necessário eliminar «todas as barreiras que afetam a inclusão e a participação de pessoas com deficiência na sociedade, incluindo mudanças de atitudes que incentivam o estigma e a institucionalização da discriminação».

Ban Ki-Moon lembra ainda que na última reunião da Assembleia Geral sobre Deficiência e Desenvolvimento (em setembro) os Estados membros discutiram as formas como a exclusão afeta os deficientes mas também a sociedade como um todo.

E diz que esses Estados se comprometeram de novo a pugnar pelo desenvolvimento inclusivo da deficiência.

«A ONU continuará a apoiar estes esforços. Necessitamos de trabalhar mais para garantir que há infraestruturas e serviços de apoio ao desenvolvimento inclusivo, equitativo e sustentável para todos», diz a mensagem.

Ban Ki-Moon recordou que foi inaugurado o Centro de Acessibilidade da ONU, na sede da organização, e apelou à restante organização das Nações Unidas e aos parceiros para que sigam a mesma orientação.

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência assinala-se desde 1998 e destina-se a consciencializar para os problemas que afetam cerca de 15 por cento da população mundial.

Rio Grande do Norte sempre a frente na inclusão - Projeto Autodefensores

Associação Síndrome de Down do Rio Grande do Norte Lança Projeto Piloto para Auto-Defensores:  Workshop  Nacional da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ONU.
Caros,  2013 foi um ano deveras importante para Associação Síndrome de Down do Rio Grande do Norte, chegamos aos 30 anos. Nos dias 17, 18 e 19 de agosto realizamos o Workshop  Nacional da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ONU, com a participação de 50 jovens com Síndrome de Down, da Região Nordeste. O evento teve como facilitadores as seguintes  profissionais: Margarida Seabra de Moura, Rebecca Nunes, Maria Teresa Mantoan, Iara Gurgel, Fátima Carvalho, Dulciana Carvalho Dantas e Claudia Werneck. Simultaneamente, foi realizado o Encontro de Pais dos Jovens com Síndrome de Down, onde  abordamos temas relevantes do aspecto  jurídico e social. Nosso projeto piloto teve sua pré estreia no VI Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down, em  Recife, no ano de 2012, com o tema, ‘Agora é nossa vez: nada sobre nós sem nós’, considerando as pessoas com deficiência  intelectual como protagonistas  nas ações que envolvem suas vidas. Foi  idealizado, organizado e realizado pela Associação Síndrome do Rio Grande do Norte com apoio da Federação Brasileira das Associações Síndrome de Down, e  a partir de agora, junto com  todas as filiadas, realizará o projeto nas demais Regiões do Brasil. E para coroar nossas comemorações lançaremos no dia 04 de dezembro de 2013, a Campanha sobre a Convenção de Direitos da Pessoa com Deficiência.
Aguardem!!!
Glauciane Santana
Presidente da Associação Síndrome de Down do RN
Vice-presidente da FBASD


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Professora Maria Teresa Mantoan em Guarujá


A OAB - Guarujá promoveu na Câmara Municipal de Guarujá palestra com a Professora Doutora Maria Teresa Mantoan da Unicamp, palestra sobre inclusão e abriu, no município, uma profícua discussão sobre inclusão e o posicionamento do movimento inclusivo em relação à meta 4 do Plano Nacional de Educação - PNE. Houve uma impressionante participação social com o plenário repleto e uma discussão enriquecedora que deu base a moção apresentada e aprovada na Câmara. Esperamos que movimentos semelhantes ajudem no processo de se estabelecer no Brasil uma ampla, geral e irrestrita inclusão das pessoas com deficiência em todos os âmbitos da vida social brasileira.








A

sábado, 5 de outubro de 2013

Posição da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down - FBASD

Essa é a posição da Federação e a nossa também:

Aos Companheiros(as) de Luta:

Como é de conhecimento de todos, a  Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, foi pioneira na luta pela Educação Inclusiva  nas Escolas comuns da Rede Regular de Ensino e se tornou referência no Brasil, desde 1994, por assumir a bandeira de uma escola de qualidade para todas as crianças e jovens com e sem deficiência, incondicionalmente, tendo como meta representar as pessoas com Síndrome de Down no país.  
Esta entidade trabalha, desde o início das suas atividades, pelo direito à educação inclusiva, pelo protagonismo das pessoas com Síndrome de Down, tendo concentrado suas forças na defesa de direitos e na formulação de estratégias para efetivar tais direitos. Sempre tivemos papel atuante nos Conselhos de defesa de Direitos das Pessoas com Deficiência, destacando-se no apoio à formulação de Políticas Públicas voltadas para a Inclusão.
Por tudo isso, não poderia ser diferente nosso posicionamento quanto à defesa de uma proposta avançada como o texto original da meta 4, deliberada pela CONAE, da qual participamos ativamente e que atende aos anseios e princípios  da Federação, em conformidade  com a Convenção da ONU e com a  Constituição Federal, obviamente sem o preferencialmente, e com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva do MEC e, ainda,  por achar que esse texto vai ao encontro dos Direitos Humanos e da educação como direito inalienável.

Gecy Maria Fritsch Klauck
Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down

OAB - Guarujá promove Seminário sobre Inclusão.

Ocorreu na última sexta-feira (04/10/2013), nas dependências da Câmara Municipal de Guarujá. Seminário sobre inclusão escolar e social de pessoas com deficiência. Houve participação expressiva da sociedade, estudantes, políticos e representantes de movimentos inclusivos.

A palestra principal ficou a cargo da Professora Doutora Maria Tereza Mantoan da Unicamp que encantou a todos traduzindo tema tão complexo a um discurso de fácil entendimento e compreensão.

Dr. Frederico Gracia e Vereador Marcelo Squassoni (presidente da Câmara) conduziram os trabalhos de forma harmônica e participativa. Aristogiton Moura, diretor da Associação Síndrome de Down do RN deu um depoimento sobre a luta que essa instituição vem conduzindo nos últimos trinta anos de forma inovadora e  atuante, além de apresentar uma perspectiva de como esse processo é tocado de forma natural pela sua família.

Fotos do evento:




terça-feira, 1 de outubro de 2013

Meta 4 - Analise da Inclusive - http://www.inclusive.org.br/?p=25438

Sobre a Meta 4 do Plano Nacional de Educação e um histórico da inclusão

terça-feira, outubro 1, 2013
Ilustração de carta simbolizando o e-mail. Envie por e-mail | Aumentar a fonte do texto. Diminuir a fonte do texto. | Por Equipe Inclusive
Dois alunos e uma aluna de escola municipal regular no Rio de Janeiro
Dois alunos e uma aluna de escola municipal regular no Rio de Janeiro
Uma grande discussão vem sendo realizada no Brasil com referência à escolarização de crianças com deficiência, principalmente aquelas com deficiência intelectual. Há basicamente dois grupos envolvidos no debate: os que defendem o direito constitucional dos alunos com deficiência de frequentarem as classes comuns da escola regular e os que querem a manutenção das escolas especiais.
Ninguém discorda de que a educação no Brasil está longe do ideal. Mas a solução para o ensino de qualidade para alunos com deficiência é mais investimento na escola regular, onde os alunos com deficiência estão cada vez mais sendo matriculados. Além da inclusão escolar ser garantida pela legislação, há pesquisas científicas comprovando os benefícios da inclusão não apenas para os alunos com deficiência, mas também para seus colegas, a comunidade escolar e a sociedade como um todo (verhttp://producao.usp.br/handle/BDPI/11424 ehttp://ref.scielo.org/jhywqn ). Então, a luta deve ser no sentido de garantir uma educação de qualidade para TODOS, no mesmo ambiente escolar.
Votação do PNE – Meta 4
É nesse cenário que está sendo apreciado o Projeto do Plano Nacional de Educação – PNE, proposto pela Conferência Nacional de Educação, CONAE, que será votado na Comissão de Educação do Senado proximamente. O relator da matéria na Comissão será o senador Álvaro Dias – PSDB/PR. A Meta 4 do Plano, que dispõe sobre a educação de alunos com deficiência e regula a distribuição de recursos é um ponto polêmico e que merece a atenção de toda sociedade.
Aumento de matrículas na rede regular de ensino
Há anos se ouve a mesma alegação de que as escolas regulares não estão preparadas para receber estudantes com deficiência. Mas o fato é que, em conformidade com a legislação vigente, o número de matrículas desta população na rede regular de ensino só faz crescer. Isso vale para todos os níveis de ensino, já que os alunos com deficiência podem e têm progredido muito além do ensino fundamental.
Segundo o Censo Escolar, entre 1998 e 2010 o aumento no número de alunos especiais matriculados em escolas comuns foi de 1.000%. Em 1998, dos 337,3 mil alunos contabilizados em educação especial, apenas 43,9 mil (ou 13%) estavam matriculados em escolas regulares ou classes comuns. Em 2010, dos 702,6 mil estudantes na mesma condição, 484,3 mil (ou 69%) frequentavam a escola regular.
Em contrapartida, o percentual de estudantes matriculados em escolas especializadas e classes especiais caiu no período. Se, em 1998, 87% (o equivalente a 293,4 mil) se enquadravam nesse perfil, a taxa foi reduzida a 31% (o que corresponde a 218,2 mil) do universo total de 2010.
Como funciona a inclusão de alunos com deficiência em escolas públicas?
O aluno com deficiência tem direito de ser matriculado na escola pública mais próxima à sua casa, em série correspondente à sua faixa etária. Para que o ensino seja eficaz é oferecido Atendimento Educacional Especializado (AEE) no contraturno da escola, ou seja, o estudante vai à escola pela manhã e recebe o AEE à tarde, ou ao contrário. O AEE pode ser prestado por professores capacitados para esse atendimento na própria escola ou em serviços conveniados.
Hoje as escolas públicas recebem do governo verba equivalente a uma matrícula por cada aluno com deficiência e quem presta o AEE recebe mais uma matrícula pelo mesmo aluno, seja a própria escola, uma ONG ou serviço conveniado. Várias instituições já vêm, há anos, trabalhando nesse sentido, cumprindo sua vocação de apoio à inclusão. O que regulamenta o AEE é o Dec. 7.611, do Plano Viver Sem Limite http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7611.htm
História da Educação Inclusiva no Brasil
Pessoas com deficiência sempre foram excluídas do convívio em sociedade em todo mundo. No Brasil, as primeiras escolas especiais surgiram ainda no século XIX para surdos e cegos, e para as outras deficiências a partir da década de 1920.
- 1988 – Constituição Cidadã
A Constituição Federal de 1988 definiu a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho e estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino, e garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado,“preferencialmente na rede regular de ensino”, mas as iniciativas pela educação inclusiva ainda eram muito tímidas.
- 1990 – Conferência Mundial de Educação para Todos
A Declaração de Jomtien, Tailândia, da qual o Brasil é signatário, chamou a atenção  do mundo para os altos índices de crianças e jovens sem escolarização, tendo como meta, promover as transformações nos sistemas de ensino, visando assegurar a inclusão e a permanência de todos na escola. Nesta declaração os países reafirmaram que “a educação é um direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro”. Também declararam que a educação é de fundamental importância para o desenvolvimento das pessoas e das sociedades, sendo um elemento que “pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, mais sadio, mais próspero e ambientalmente mais puro, e que, ao mesmo tempo, favoreça o progresso social, econômico e cultural, a tolerância e a cooperação internacional”. O Brasil assumiu, perante a comunidade internacional, o compromisso de erradicar o analfabetismo e a universalizar o ensino fundamental no país.
- 1994 – Conferência Mundial de Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade/ Salamanca
Em 1994, finalmente os ventos começaram a mudar com a Declaração de Salamanca da ONU/UNESCO, firmada à época pelo Brasil e mais de 80 países, que dizia: “reafirmamos o nosso compromisso para com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e urgência do providenciamento de educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino.”
E detalhava: “aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades… Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.
Apesar de já existirem casos de alunos com deficiência em escolas regulares desde muito antes, mostrando que a inclusão era possível, a luta de muitos profissionais e famílias pela inclusão passou a intensificar-se, com o respaldo da Declaração de Salamanca. No Brasil, a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), por exemplo, formada por pais que queriam lutar pelo direito de seus filhos à escolaridade em ambientes inclusivos, foi fundada nesta época e tornou-se referência por ter sido a primeira entidade da sociedade civil desta natureza, a assumir como crença o paradigma da inclusão e ter dado às pessoas com Síndrome de Down a esperança de um futuro que hoje vislumbramos.
- 2004 – Cartilha da Inclusão
Passados dez anos, o Estado ainda não havia assumido seu papel de garantir o ingresso e permanência de alunos com deficiência na escola regular. A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, com apoio do MEC e da FBASD, lançou uma cartilha redigida pela procuradora do Ministério Público, Eugênia Augusta Gonzaga, a promotora de justiça Luisa de Marillac P. Pantoja e a professora Maria Teresa Eglér Mantoan, intitulada “O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular”. Nela, de modo didático, era analisada a legislação vigente e oferecidas orientações pedagógicas para efetivação da inclusão.
O documento desagradou as filantrópicss APAEs e Pestalozzis e os dirigentes instruíram mães e pais de frequentadores das instituições a impetrarem milhares de ações judiciais contra a procuradora Eugenia Gonzaga, sob alegação de que a cartilha proporia pena de prisão a quem não encaminhasse seus filhos com deficiência às escolas da rede. As instituições chegaram a pedir a impugnação da presença da procuradora em uma reunião do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, CONADE, em Brasília em 2005, entre outros ataques. Essa impugnação foi negada.
- 2006 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
Em 2006 a ONU adotou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, CDPD. O Artigo 24, sobre Educação, não deixa dúvidas: Para efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida“. Em 2008 o Congresso Nacional ratificou o tratado, que passou a vigorar no Brasil com equivalência constitucional. Em 2009, a CDPD foi promulgada pelo Poder Executivo.
- 2006 – Novela “Páginas da Vida”
Ainda em 2006, a Rede Globo lançou a novela “Páginas da Vida”, de Manoel Carlos, onde uma menina com síndrome de Down, a atriz Joana Mocarzel, fez a protagonista Clarinha. Na novela foi abordada a questão da inclusão educacional ressaltando que a escola, pública ou privada, não pode negar matrícula a alunos com deficiência. Apesar disso, a atriz Regina Duarte, que fazia o papel de mãe da menina, Helena, recebe diversas negativas veladas em várias escolas, refletindo a realidade vivida ainda hoje por pais de alunos com deficiência. Em cena antológica, Helena acusa a escola de estar discriminando a filha e diz que vai ao Ministério Público apresentar queixa. A produção da novela teve como consultores o Instituto MetaSocial, a FBASD e a OSCIP Escola de Gente, entre outros. A novela teve uma audiência de 40 milhões de pessoas e representou um divisor de águas no entendimento de que as crianças com deficiência deveriam frequentar a escola regular. “Páginas da Vida” foi vendida a mais 60 países, levando a onda da inclusão para além das fronteiras brasileiras.
- 2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
O MEC, que já vinha tomando uma série de medidas na direção da inclusão, em 2007 montou um grupo de trabalho para orientar a construção de sistemas educacionais inclusivos, adaptando-se à nova legislação. A SEESP (Secretaria de Educação Especial) à época, promoveu capacitação de professores, a implantação de salas de recursos e produção de material pedagógico e de capacitação, entre outras medidas. Foi introduzido um dispositivo no Fundeb, para o duplo repasse de verba por aluno: os estudantes que recebessem o AEE em escolas ou instituições especializadas e estivessem matriculados em escolas regulares seriam contabilizados duas vezes, como já mencionado. Entre 2005 e 2011, segundo o MEC, foram abertas 37.800 dessas salas, abrangendo 90% dos municípios do país. A meta é atingir 42 mil escolas com esse recurso até 2014.
- 2010 – CONAE E Plano Nacional de Educação
Em 2010 ocorreu a Conferência Nacional de Educação, CONAE, precedida de reuniões preparatórias a nível municipal e estadual, mobilizando parcelas expressivas da população, em todo o país, um acontecimento ímpar na história das políticas públicas do setor educacional no Brasil. A CONAE contou com intensa participação da sociedade civil e envolveu agentes públicos, entidades de classe, estudantes, profissionais da educação e pais/mães (responsáveis) de estudantes. Quase 4000 pessoas foram credenciadas, inclusive pessoas com deficiência e seus representantes.
Da CONAE saiu o Plano Nacional de Educação (PNE), que está sendo avaliado pelo Congresso Nacional. Na Meta 4, que versa sobre a educação dos estudantes com deficiência, o seguinte texto foi aprovado pelos delegados – “Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino.”
- 2011 – Plano Viver sem Limite
O governo federal destinou R$ 7,600 bilhões a ações para promoção da inclusão das pessoas com deficiência no plano Viver Sem Limite, a maior verba já destinada à área. Inclui implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, promoção de acessibilidade nas escolas, formação de professores para o Atendimento Educacional Especializado, aquisição de ônibus escolares acessíveis e ampliação do Programa BPC (Benefício de Prestação Continuada) na Escola, Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. Nas universidades públicas federais estão sendo instalados núcleos de acessibilidade e ofertados cursos de Letras/Libras e de formação em Pedagogia na perspectiva bilíngue (Libras/Língua Portuguesa).
- BPC na Escola
Merece destaque o Programa BPC na escola, que promove a busca ativa dos beneficiários do programa (que recebem do governo um salário mínimo por pertencerem a famílias com renda abaixo de 1/4 de salário mínimo). Para isso, são cruzados os dados do Censo Escolar e o Banco do BPC, a fim de identificar os índices de inclusão e exclusão escolar dos beneficiários. Em 2008, foi identificado que 71% dos beneficiários do BPC, com deficiência na faixa etária de zero a 18 anos, estão excluídos da escola, e que somente 29% destes beneficiários estão na escola. Os municípios cadastrados vêm realizando pesquisa domiciliar para identificar as barreiras que impedem o acesso e a permanência na escola dos alunos com deficiência beneficiários do BPC. É importante que cada município seja cobrado pelo movimento social local com relação à adesão ao programa. A BPC na Escola, pois estas crianças devem ter tratamento prioritário. Além da deficiência, elas são excluídas em razão da pobreza e são mais expostas a todo tipo de abuso.
- 2013 – O caminho a seguir – Uma agenda para o desenvolvimento inclusivo das pessoas com deficiência para 2015 e além
Países reunidos no dia 23/9 na ONU, adotaram uma resolução para avançar nos objetivos do milênio, que jamais poderiam ser alcançados sem levar em conta as pessoas com deficiência, que no Brasil chegam a 24% da população. Uma série de medidas serão propostas para acelerar o processo. O relatório mundial do UNICEF deste ano sobre a situação das crianças com deficiência revelou que As nações do mundo têm reiterado seu compromisso com a construção de sociedades mais inclusivas. Como consequência, a situação de muitas crianças com deficiência e de suas famílias está melhorando.” Porém, alerta que para que a promessa de igualdade por meio da inclusão seja cumprida os países devem: Implementar as convenções internacionais (da pessoa com deficiência e da criança), combater a discriminação, eliminar as barreiras à inclusão e a institucionalização, dar apoio às famílias, ir além dos padrões mínimos, coordenar serviços em apoio às crianças e envolver crianças com deficiência na tomada de decisões.
- Situação atual
Então a vida das pessoas com deficiência e suas famílias está maravilhosa?
Longe disso! Na escola, as atitudes ainda tem muito que melhorar, professores precisam receber mais capacitação, ser mais bem pagos e valorizados, as turmas devem ser menores, faltam recursos pedagógicos, faltam profissionais para atuarem como mediadores ou auxiliares de professores, os avanços dos alunos devem ser medidos e avaliados, as escolas e o seu entorno precisam ter acessibilidade, o transporte escolar idem, a lista de demandas ainda é grande… mas avançamos enormemente nos últimos anos!
Nunca houve tanta preocupação e investimento nas pessoas com deficiência e elas estão chegando longe. No caso da síndrome de Down, há no Brasil 24 jovens que já cursaram ou estão cursando a universidade, o que parecia inimaginável anos atrás. Todos eles estudaram em escolas regulares – para citar um exemplo expressivo.
O número de estudantes com outros tipos de deficiência que estão no ensino superior também está aumentando.
APOIAMOS O TEXTO DO CONAE PARA A META 4, DELIBERADO PELOS ATORES INTERESSADOS E QUE FORAM LEGITIMAMENTE DESIGNADOS COMO REPRESENTANTES DA SOCIEDADE.
NÃO AO PREFERENCIALMENTE. VAMOS BANIR DE VEZ ESSE TERMO RETRÓGRADO DA NOSSA LEGISLAÇÃO COMO BANIMOS O PORTADOR. TODA PESSOA COM DEFICIÊNCIA TEM DIREITOS E CONDIÇÕES DE APRENDER E FREQUENTAR AMBIENTES INCLUSIVOS.
FAÇAMOS UM PACTO PARA QUE A PARTIR DE HOJE TODAS AS CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA QUE NASÇAM INGRESSEM NO ENSINO REGULAR E LÁ PERMANEÇAM. COM RESERVA DE VAGA, SE FOR O CASO. CHEGA DE CRIANÇA PEQUENA EM ESCOLA ESPECIAL.
Seguimos na luta e contamos com o entendimento e o apoio de toda a sociedade para que as pessoas com deficiência sejam cada vez mais incluídas e ocupem seu espaço, contribuindo para o desenvolvimento do país.
Esperamos que o governo assuma a responsabilidade pela educação dos alunos com deficiência – o que já devia ter feito há muito tempo – como determina a Constituição.
Por Equipe Inclusive
Referências
Constituição da República Federativa do Brasil-1988
Conferência de Jomtien
Incluir e Educar – MEC e Apae
Inclusão – casos de sucesso
Cartilha da Inclusão
Impugnação presença Procuradora no Conade
Declaração de Salamanca
BPC na Escola
Situação mundial da Infância 2013 – Crianças com Deficiência
Conae
Pessoas com Síndrome de Down na Universidade
Paginas da Vida
Helena discute na escola
PV 99 Helena cobra da diretora
PV 128 Escola não está preparada
PV 130 outra escola não preparada
PV 136 discussão regular ou especial?
PV 149 Helena visita escola especial
PV 165 Helena encontra escola inclusiva

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A questão da Meta 4 do Plano Nacional de Educação - Posição do Fórum Nacional de Educação Inclusiva.

Cláudia Grabois, do Fórum Nacional de Educação Inclusiva, escreve e concordamos:

-FORUM NACIONAL DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA-

 Sobre a Meta 4 do Plano Nacional de Educação: O Fórum Nacional de Educação Inclusiva Apóia a Meta 4 que universaliza o acesso e permanência na educação, sem restrições:

 META 4 – Universalizar para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, na rede regular de ensino.

 Mesmo com a inclusão do termo "preferencialmente" no texto da Meta 4 na CCJ e, com todos os esforços para contemplar posicionamentos de políticos contrários a educação inclusiva para todos(as), constatamos que a Fenapaes intensifica a campanha pelo texto oriundo da Câmara, proposta do deputado Angelo Vanhoni, que tem a seria conseqüência de excluir cidadãos do sistema de ensino, tornando-os invisíveis dentro de classes e escolas especiais. 

 Para entender melhor:

Segue abaixo a proposta para a Meta 4 apoiada pela FENAPAES, texto apresentado e aprovado pelo deputado federal Ângelo:

 Meta 4 - Universalizar para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, preferencialmente na rede regular de ensino, garantindo o atendimento educacional especializado em salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou comunitários, nas formas complementar e suplementar, em escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.

-Ocorre que os termos do texto da Câmara Federal contrariam a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e, por conseqüência, promovem exclusão social, inviabilidade social e miséria, ao contrario do texto aprovado pelo Senador José Pimentel, que segue abaixo.

META 4 – Universalizar para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, na rede regular de ensino.

 O texto do Senador Pimentel universaliza o atendimento escolar para a população de 4 a 17 anos, em respeito a Constituição Federal, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e ao Estatuto da Criança e do Adolescente. O texto do Senador Pimentel garante o acesso e permanência na educação, com todos os recursos necessários!

No entanto, na tentativa de impedir o retrocesso e a violação do direito fundamental inalienável a educação recebemos o texto do Senador Vital do Rego, mesmo sabendo que não é o ideal. Sim, tentamos construir junto com as instituições filantrópicas e não conseguimos, pois nos deparamos com o sectarismo e a falta de respeito pelos preceitos constitucionais.

Segue abaixo o texto, que ao contrario do que afirma a Fenapaes, NÃO retirou elementos essenciais para a continuidade dos serviços oferecidos pelas organizações da sociedade civil. O texto primou pela tentativa do consenso, mantendo inclusive a palavra preferencialmente.

Texto aprovado pelo Senador Vital do Rêgo da Paraíba:

Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica, assegurando-lhes o atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, nos termos do artigo 208, inciso III, da Constituição Federal, e do artigo 24 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, com status de emenda constitucional, e promulgada pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009.

Estudamos e aceitamos a proposta denominada "proposta consensuada" em nome da democracia e construção coletiva, mas nos deparamos com o sectarismo e interesses nada legítimos. Destacamos que a Meta 4 original, aprovada na conferencia Nacional de Educação, realizada com dinheiro publico, e' expressão da sociedade civil e e' a Meta que defendemos.

Apenas para garantir a continuidade e o aprofundamento das políticas publicas aceitamos a nova proposta "consensuada", mas e' preciso bom senso de ambas as partes. Dos que defendem o direito humano a educação e dos que ainda acreditam na exclusão educacional e pensam que podem perpetuar a invisibilidade das pessoas com deficiência; o preferencialmente não basta, querem assegurar a exclusão educacional!

O Fórum Nacional de Educação inclusiva Apóia Meta que universaliza o acesso e permanência na educação, sem restrições:

META 4 – Universalizar para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, na rede regular de ensino.

 Lutaremos para que todas as crianças e adolescentes tenham assegurado o direito a educação inclusiva.

Continuamos a acreditar que as instituições devem ser valorizadas e podem contribuir muito para o processo de inclusão educacional, mas nao aceitamos que interesses sejam colocados acima da VIDA de PESSOAS com ou sem deficiência, do exercício da cidadania na escola de Todos(as). EDUCAÇÃO: DIREITO DE TODOS(AS)

Junt@s Somos Fortes.

Claudia Grabois
Fórum Nacional de Educação Inclusiva


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Desenvolver habilidades matemáticas de pessoas com Síndrome de Down.

Deisy Silva-Elias postou no Yahoo Grupos - Síndrome de Down essa novidade, comparto-a:

Projeto Yes we Can - Desenvolver habilidades matemáticas de
pessoas com Síndrome de Down

 Uma parceria de cinco paises (Áustria, Alemanha, Romênia, República Checa,
 Itália e Dinamarca) que visa desenvolver as habilidades matemáticas de
 pessoas com Síndrome de Down. Breve em português.

Veja no site:


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A eterna luta da inclusão e os seus percalços. Agora nos gabinetes.

Gleise atropela Constituição e Convenção da ONU em detrimento da educação inclusiva

A função primordial da Casa Civil, tida como o primeiro entre os ministérios, é assistir a presidência da República na coordenação e na integração das ações do Governo, bem como na verificação prévia da constitucionalidade e legalidade dos atos presidenciais.  
Por tudo isso, causa espanto que, na página oficial em que se definem as funções acima, a Ministra Gleise Hoffmann tenha publicado uma nota oficial em que garante que irá descumprir a Constituição brasileira e a Convenção da ONU sobre direitos de pessoas com deficiência. Diz a nota que ela já "acertou" isso com o relator do Plano Nacional de Educação - PNE. 
Com uma falta de técnica inaceitável para uma nota oriunda da Casa Civil, garante que a inclusão escolar ocorrerá apenas "preferencialmente" na rede básica. Ao negar categoricamente a inclusão escolar como direito fundamental das crianças com deficiência e também das demais crianças, a Ministra contraria texto expresso da Convenção da ONU nesse sentido (art. 24). 

A nota confunde "atendimento escolar" com "atendimento educacional especializado". O primeiro diz respeito à escolarização comum (ensinos infantil, fundamental e médio), que só pode ser ofertada – e de modo obrigatório - em escolas oficiais, para alunos com e sem deficiência,(CF, art. 208, inc. I), jamais "preferencialmente".Trata-se de princípio geral de educação: atendimento escolar só em estabelecimento oficial de ensino.
O segundo diz respeito a apoios e medidas específicas (ensino de língua de sinais, adaptações e complementos, por exemplo) destinados apenas a crianças com deficiência ou superdotação. Este é que pode ser ofertado de maneira preferencial, não obrigatória,  em escolas comuns (art. 208, inc. III). E também é isto o que consta da redação atual do PNE, que a nota disse ter garantido, mas dessa frase, "atendimento educacional especializado preferencialmente nas escolas comuns", não se extrai a conclusão que a Ministra tira em sua nota. A de que a inclusão é facultativa. Inclusão, Ministra, diz respeito a atendimento escolar. 
O que está por trás desse comportamento da Casa Civil são os interesses políticos específicos da Ministra-Chefe, para demonstrar aos seus correligionários que está atendendo ao pleito da Federação Nacional das APAEs (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).
Não confundir a Federação com as APAEs nos municípios, as verdadeiras prestadoras de serviços. A Federação é sustentada pelas verbas recebidas das APAEs municipais.
E o que está por trás da nota da Ministra – e do lobby da Federação – é o acesso à matrícula dupla do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica).
O que consta de nossa legislação e que o PNE apenas reproduz é, em síntese: se uma criança com deficiência estiver matriculada na escola comum e receber também apoio especializado de uma APAE ou similar, cada uma recebe o equivalente a uma matricula para fins de Fundeb. Se a escola comum prestar ambos os atendimentos, recebe a verba em dobro. Já as escolas especiais podem receber a verba do ensino especial, e não em dobro, como forma de garantir o direito à inclusão.

Esse movimento gerou uma campanha mentirosa da Federação das Apaes de que a redação do PNE levaria ao fechamento das APAEs.

Não é verdade. O que se pretende com essa campanha da Federação é dobrar a receita das APAEs, ainda que à custa do sacrifício das crianças com deficiência que deixarão de ser incluídas no ensino fundamental regular. 

Tudo está funcionando muito bem onde os gestores municipais estão comprometidos com o direito à inclusão. Mas há lugares em que, com base em uma interpretação distorcida da legislação, permitida pelos termos do Decreto 7.611/2011 - e elogiado pela Ministra em sua nota-, o Fundeb paga tais matriculas em dobro para instituições filantrópicas que não colaboram com a inclusão e mantêm crianças com deficiência sendo atendidas ali de forma segregada de seus colegas sem deficiência.

É exatamente essa distorção que a ministra disse que vai garantir. A justificativa apresentada é a de que algumas deficiências são muito graves e tais crianças não podem ser incluídas. 
Também não é verdade. Se a criança tem alguma condição de aprendizado - e são essas que encontramos nas escolas de Apaes - deverá fazê-lo na rede básica, e não exclusivamente em ambientes segregados. Já as pessoas com deficiências muito graves, sem nenhuma interação com o ambiente externo, precisam de atendimentos relacionados à saúde. E, se ainda forem crianças ou adolescentes e tiverem alguma mínima condição de frequentar um ambiente escolar, precisam ter seu lugar educacional garantido juntamente com todas as demais crianças e adolescentes da sua geração, ainda que por poucas horas do dia. 

Se a Ministra "acertou" com o relator do PNE a absurda ideia de que a inclusão será apenas facultativa - pasme-se, como se não houvesse nenhum direito sendo ferido - tinha que ter  mantido o termo "preferencialmente" para "atendimento escolar" e não para "atendimento especializado", como constou da nota.  Mas eles nem sabem a diferença de uma coisa e de outra. 

Por aí se compreende o porquê de não avançarmos em tantas áreas sensíveis para o país. Há em vários pontos do Governo um imenso despreparo e total ausência de compromisso com os direitos humanos. Tudo em nome de atender a interesses que não contribuem em nada para um estado democrático de direito que assume verdadeiramente medidas civilizatórias de inclusão. 

Pode ficar tranquila Sra. Gleise: as APAEs não vão fechar, se esta é a sua preocupação, mas sinto informá-la de que seus "acertos" não se sobrepõem à Lei de Diretrizes e Bases, muito menos à Constituição brasileira e à Convenção da ONU. Com essa sua pretensão, de tornar a inclusão facultativa, só podemos concluir que a presidência da República está muito mal de assessoramento jurídico e estratégico para seus atos. 

Eugenia Gonzaga 
Procuradora Regional da República e autora do livro "Direitos das Pessoas com Deficiência"

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Falecimento do Dr. Siegfried M. Pueschel, um marco no reconhecimento do valor e da dignidade das pessoas com Síndrome de Down.

Compartilho a notícia e o sentimento de Patricia Almeida, do Movimento Down:

O Movimento Down lamenta informar o falecimento do Dr. Siegfried M. Pueschel. Uma das principais referências em sindrome de Down do mundo, Pueschel teve um filho, Christian, que nasceu com a síndrome.

Ele é autor do livro Síndrome de Down Guia para Pais e Educadores, traduzido para o português 

Seu filho, Sig Pueschel, enviou a seguinte mensagem à Down Syndrome International:

"Lamentamos informar que o meu pai, Dr. Siegfried M. Pueschel, perdeu sua batalha contra o câncer de próstata e morreu às 21:15h do dia em 2 de setembro de 2013. Ele fará muita falta. Agradecemos a todos os seus amigos que o apoiaram através destas difíceis últimas semanas. "

Dr Siegfreid Pueschel estudou medicina na Alemanha e se formou na Academia de Medicina de Dusseldorf em 1960. Mudou-se para a América do Norte e fez sua residência pediátrica no Hospital Infantil de Boston, Massachusetts e no Hospital Infantil de Montreal, em Quebec, no Canadá. Posteriormente, tornou-se Fellow em Genética Bioquímica e Metabolismo.

Em 1967 concluiu mestrado em Saúde Pública pela Escola de Saúde Pública de Harvard e em 1985, obteve o grau de Doutor em Filosofia em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade de Rhode Island. 

Em 1996 recebeu o título de Doutor Juris da Faculdade de Direito de Southern New England.

De 1967-1975, Pueschel trabalhou na Clínica de Avaliação do Desenvolvimento do Hospital das Crianças em Boston. Lá ele se tornou diretor do primeiro programa de síndrome de Down e liderou o Programa PKU e Alterações Genéticas do Metabolismo. 

Em 1975 foi nomeado Diretor do Centro de Desenvolvimento Infantil do Hospital de Rhode Island, em Providence, Rhode Island.

Continuou a exercer suas atividades clínicas, de ensino e pesquisa no campo da deficiência do desenvolvimento, alterações genéticas do metabolismo e síndrome de Down. Lecionou nos Estados Unidos e em outros vários países, é autor ou co-autor de 15 livros e escreveu mais de 250 artigos científicos.

Pueschel era certificado pelos Conselhos Americano de Pediatria e o de Medicina Genética. Foi Professor de Pediatria da Harvard Medical School, e Professor de Pediatria da Warren Alpert Medical School da Universidade de Brown.

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Ele teve um filho com síndrome de Down, Christian, que foi uma inspiração durante toda a sua curta vida. Ele nos ensinou que devemos reconhecer a dignidade e o valor de todas as pessoas com síndrome de Down.